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Instalação de sistema antimísseis é vista como provocação por Moscou.
A Rússia disse que "será obrigada a reagir, e não apenas com medidas diplomáticas" ao acordo de defesa assinado nesta quarta-feira entre os Estados Unidos e a Polônia.
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Mais importante que "quando", será "como" isso irá acabar. E agora sim, quando a humanidade deixará de ser infantil e atingirá sua maturidade?
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Howard Phillips Lovecraft (Providence, Rhode Island, 20 de Agosto de 1890 – 15 de Março de 1937) foi um escritor norte-americano celebrizado pelos seus livros de fantasia e terror, marcadamente gótico, enquadrados por uma estrutura semelhante à da ficção científica.
Durante a sua vida teve um número relativamente pequeno de leitores, mas a sua obra veio a tornar-se uma forte influência e referência em escritores de horror. Era assumidamente conservador e anglófilo, sendo por isso habituais no seu estilo os arcaísmos e a utilização de vocabulário e ortografia marcadamente britânicos.
Lovecraft foi o único filho de Winfield Scott Lovecraft, negociante de jóias e metais preciosos, e Sarah Susan Phillips, vinda de uma família notória que podia traçar suas origens diretamente aos primeiros colonizadores americanos, casados numa idade relativamente avançada para a época. Quando contava três anos, seu pai sofreu uma aguda crise nervosa que deixou sequelas profundas, obrigando-o a passar o resto de sua vida em clínicas de repouso.
Assim, ele foi criado pela mãe Sarah, por duas tias, e por seu avô, Whipple van Buren Phillips. Lovecraft era um jovem prodígio que recitava poesia aos dois anos e já escrevia seus próprios poemas aos seis. Seu avô encorajou os hábitos de leitura, tendo arranjado para ele versões infantis da Ilíada e da Odisséia, de Homero, e introduzindo-o à literatura de terror, ao apresentar-lhe clássicas histórias de terror gótico.
Lovecraft era uma criança constantemente doente. Seu biógrafo, L. Sprague de Camp, afirmou que o jovem Howard sofria de poiquilotermia, uma raríssima doença que fazia com que sua pele fosse sempre gelada ao toque. Devido aos seus problemas de saúde, ele frequentou a escola apenas esporadicamente mas lia bastante.
Seu avô morreu em 1904, o que levou a família a um estado de pobreza, em decorrência da incapacidade das filhas de gerenciar os bens deste. Foram obrigados a se mudar para acomodações muito menores e insalubres, o que prejudicou ainda mais a já débil saúde de Lovecraft. Em 1908, ele sofreu um colapso nervoso, acontecimento que impediu-o de receber seu diploma de graduação no ensino médio e, consequentemente, complicou sua entrada em uma universidade. Esse fracasso pessoal marcaria Lovecraft pelo resto de seus dias.
Em seus dias de juventude, Lovecraft se dedicou a escrever poesia, mergulhando na ficção de terror apenas a partir de 1917. Em 1923, ele publicou seu primeiro trabalho profissional, Dagon, na revista Weird Tales.Lovecraft junto de C.M. Eddy , foi um ghostwriter do magazine Weird Tales, para artigos do famoso mágico Harry Houdini, supostamente recrutado como informante ou um agente "Lanterna " para o spymaster um dos fundadores em 1909, do MI6,serviço secreto inglês William Melville ,conhecido como "M" e acrônimo Maskmelin, da organização secreta The Seven Circle,ao que parece encobertada através de uma inocente publicação editada pelo amigo de Lovecraft, o editor da Weird Tales Walter B.Gibson ,do American Circle Magic e criador do personagem The Shadow. Sua mãe nunca chegou a ver nenhum trabalho do filho publicado, tendo morrido em 1921, após complicações em uma cirurgia.
Lovecraft trabalhou como jornalista por um curto período, durante o qual conheceu Sonia Greene, com quem viria a casar. Ela era judia natural da Ucrânia, oito anos mais velha que ele, o que fez com que sua tias protestassem contra o casamento. O casal mudou-se para o Brooklyn, na cidade de Nova Iorque, cidade que Lovecraft nunca gostou. O casamento durou poucos anos e, após o divórcio amigável, Lovecraft regressou a Providence, onde moraria até morrer.
O período imediatamente após seu divórcio foi o mais prolífico de Lovecraft, no qual ele se correspondia com vários escritores estreantes de horror, ficção e aventura. Entre eles, seu mais ávido correspondente era Robert E. Howard, criador de Conan o Bárbaro. Algumas das suas mais extensas obras, Nas Montanhas da Loucura e O Caso de Charles Dexter Ward, foram escritas nessa época.
Seus últimos anos de vida foram bastante difíceis. Em 1932, sua amada tia Lillian Clark, com quem ele vivia, faleceu. Lovecraft mudou-se para uma pequena casa alugada com sua tia e companhia remanescente, Annie Gamwell, situada bem atrás da biblioteca John Hay. Para sobreviver, considerando-se que seus próprios textos aumentavam em complexidade e número de palavras (dificultando vendas), Lovecraft apoiava-se como podia em revisões e "ghost-writing" de textos assinados por outros, inclusive poemas e não-ficção. Em 1936, a notícia do suicídio de seu amigo Robert E. Howard deixou-o profundamente entristecido e abalado. Nesse ano, a doença que o mataria (câncer no intestino) já avançara o bastante para que pouco se pudesse fazer contra ela. Lovecraft suportou dores sempre crescentes pelos meses seguintes, até que em 10 de março de 1937 viu-se obrigado a se internar no Hospital Memorial Jane Brown. Ali morreria cinco dias depois. Contava então 46 anos de idade.
Howard Phillips Lovecraft foi enterrado no dia 18 de março de 1937, no cemitério Swan Point, em Providence, no jazigo da família Phillips. Seu túmulo é o mais visitado do local, mas passaram-se décadas sem que seu túmulo fosse demarcado de forma exclusiva. No centenário de seu nascimento, fãs norte-americanos se cotizaram para inaugurar uma lápide definitiva, que exibe a frase "Eu sou Providence", extraída de uma de suas cartas.
Muitos dos trabalhos de Lovecraft foram diretamente inspirados por seus constantes pesadelos, o que contribuiu para a criação de uma obra marcada pelo subconsciente e pelo simbolismo. As suas maiores influências foram Edgar Allan Poe, por quem Lovecraft nutria profunda afeição, e Lord Dunsany, cujas narrativas de fantasia inpiraram as suas histórias em terras de sonho. Suas constantes referências, em seus textos, a horrores antigos e a monstros e divindades ancestrais acabaram por gerar algo análogo a uma mitologia, hoje vulgarmente chamada Cthulhu Mythos, contendo vários panteões de seres extradimensionais tão poderosos que eram ou podiam ser considerados deuses, e que reinaram sobre a Terra milhões de anos atrás. Entre outras coisas, alguns dos seres teriam sido os responsáveis pela criação da raça humana e teriam uma intervenção directa em toda a história do universo.
A expressão Cthulhu Mythos foi criada, após a morte de Lovecraft, pelo escritor August Derleth, um dos muitos escritores a basearem suas histórias nos mitos deste. Lovecraft criou também um dos mais famosos e explorados artefactos das histórias de terror, o Necronomicon, um fictício livro de invocação de demônios escrito pelo, também fictício, Abdul Alhazred, sendo até hoje popular o mito da existência real deste livro, fomentado especialmente pela publicação de vários falsos Necronomicons e por um texto, da autoria do próprio Lovecraft, explicando a sua origem e percurso histórico.
Há cem anos, na manhã de 30 de junho de 1908, às 7h14, hora local, uma enorme explosão ocorreu, após uma bola de fogo ter sido vista atravessando o céu. Não foram encontrados vestígios de um meteorito, mas uma onda de choque devastou toda uma região desabitada de florestas de taiga pantanosa que permanece congelada durante cerca de oito meses do ano, nas proximidades do rio Tunguska, cerca de 800 quilômetros a noroeste do lago Baikal, na Sibéria Central. Num raio de 30 quilômetros, todas as árvores foram destruídas. Ouviu-se o ruído a mais de mil quilômetros.
Uma estranha luminescência foi observada durante a noite em inúmeras regiões. Ao longo da Europa, registraram-se ondas sísmicas semelhantes às de um terremoto e perturbações no campo magnético terrestre. Os meteorologistas, com seus microbarógrafos, conseguiram determinar que as ondas de choque, oriundas da explosão, deram no mínimo duas voltas ao redor da Terra.
Na Ásia e na Europa, as noites se tornaram luminosas e os pores-do-sol assumiram um forte colorido vermelho.
Na realidade, o denominado Evento de Tunguska foi uma explosão que ocorreu na atmosfera acima de um sítio com as coordenadas geográficas 60°55’ N, 101°57' L, próximo ao rio Podkamennaya Tunguska, na província de Evenkia, na Sibéria. Mais tarde, a sua potência foi estimada entre 10 e 15 megatons. O episódio provocou a destruição de cerca de 60 milhões de árvores numa área estimada em 2.150 quilômetros quadrados.
Se o objeto responsável pela explosão tivesse atingido a Terra algumas horas mais tarde, ou melhor, explodido sobre uma área mais densamente povoada da Europa –- provavelmente sobre a cidade de São Petersburgo -–, em lugar de uma região de baixa densidade populacional, como Tunguska, possivelmente teria provocado uma enorme catástrofe, com uma maciça perda de vidas humanas.
Por volta das de 7 horas e 15 minutos da manhã, os tungues nativos e os colonos russos das colinas noroeste do lago Baikal observaram uma enorme bola de fogo que se deslocava no céu, quase tão brilhante como o Sol. Alguns minutos mais tarde, um intenso clarão iluminou metade do céu, acompanhado por uma onda choque que, além de golpear as pessoas, quebrou as vidraças das janelas das casas situadas num circulo de cerca de 650 km de raio. A explosão foi registrada na maior parte das estações sísmicas de toda a Eurásia, assim como produziu fortes oscilações na pressão atmosférica suficientemente intensas para serem detectado pelo barógrafos que tinham sido inventados recentemente na Grã-Bretanha.
Nas semanas que se seguiram à explosão, o céu noturno na Europa e na Rússia Ocidental apresentou uma luminosidade tão brilhante que sua luz era suficiente para que as pessoas pudessem ler um jornal. Nos Estados Unidos, o Observatório Astrofísico Smithsonian e o Observatório de Monte Wilson detectaram uma redução da transparência atmosférica que durou vários meses.
Surpreendentemente, na época, houve pouca curiosidade científica sobre o impacto; talvez em virtude da dificuldade em alcançar uma região tão isolada como as tungas siberianas, onde o fenômeno tinha sido observado.
A primeira explicação foi a de que um enorme meteoro, com um peso superior a um milhão de toneladas, havia caído em alguma região das florestas siberianas. Mas essa não seria a última palavra sobre o assunto...
Não se tem notícia de quaisquer expedições que tivessem atingido a região logo após a misteriosa explosão de Tunguska, na Sibéria, em 1908; provavelmente, os seus registros se perderam durante os caóticos anos subseqüentes em virtude da Primeira Guerra Mundial, da Revolução Russa e da Guerra Civil Russa.
A primeira expedição, uma década após o evento, da qual existem registros ocorreu em 1921, quando o mineralogista russo Leonid Kulik (1883-1942) visitou a bacia hidrográfica de Tunguska para realizar um levantamento para a Academia de Ciências Soviética.
Durante essa exploração, Kulik aproveitou para estudar os relatos dos moradores sobre o fenômeno de 1908, quando concluiu que a explosão teria sido provocada pelo impacto de um meteorito gigante. Uma vez aceita essa idéia, acreditando que se poderia explorar com grande lucro o ferro e outros metais trazidos pelo meteorito ao local de impacto, Kulik iniciou uma longa pesquisa para identificar com precisão o ponto da queda.
Após minucioso estudo nos jornais da época, Kulik resolveu distribuir um questionário em algumas aldeias siberianas, para determinar com precisão o ponto provável da explosão e obter uma melhor visão da ocorrência.
De volta a Moscou, Kulik persuadiu o governo soviético a financiar uma expedição para a região de Tunguska, com base na perspectiva de que o ferro meteórico poderia ser recuperado e constituir uma expressiva ajuda à indústria.
Em 1924, os testemunhos mais valiosos foram obtidos pelo geólogo soviético Vladimir Afanasyevich Obruchev (1863–1956), que, durante seu trabalho ao longo do rio Tunguska, procurou ouvir os habitantes da região.
Constatou que os moradores, os tungues, tinham uma atitude de profundo respeito pelo fenômeno, pois afirmavam que o meteoro era sagrado.
Havia mesmo certo receio de falar sobre o assunto, pois acreditavam que o meteoro fora enviado em sinal de castigo e por isso procuravam ocultar o local da queda. Isso confirmava que não deviam estar muito longe do local do impacto.
Em fevereiro de 1927, Kulik partiu para a segunda viagem, agora com objetivo mais bem definido. A primeira parte da viagem foi feita de trem, até Kanks, e o resto de trenó, puxado por cavalo. Suportaram temperatura de -4 graus Celsius, apesar de estarem na época mais favorável.
Ao atingirem o rio Tunguska, resolveram acompanhar o rio Chambém e depois o rio Makirta. Em 13 de abril, nas margens desse último, contemplaram um panorama inenarrável: uma imensa devastação na floresta, que aumentava à medida que se dirigiam para o norte.
Enormes árvores seculares haviam sido derrubadas e uma grande área de árvores mortas mostrava sinais de calcinação de cima para baixo, como se um súbito e instantâneo calor as houvesse queimado.
Não havia sinal de um incêndio. Só o calor poderia ter causado aquele tipo de destruição, concluíram Kulik e sua equipe, depois de cuidadosa análise. Para sua surpresa, nenhuma cratera foi encontrada; nenhum sinal de uma cratera meteórica semelhante à grande Meteor Crater, que existe no Arizona.
Ao contrário, encontrou-se uma região de cerca de 50 km de diâmetro onde as árvores estavam inclinadas e queimadas. Na região situada abaixo da explosão, os troncos calcinados ainda estavam estranhamente de pé na posição vertical, os seus ramos e casca despojados. As árvores mais afastadas do centro, ao redor do epicentro do evento, haviam sido derrubadas pela onda de choque que se deslocou do centro para a periferia.
Insatisfeito com os resultados, Kulik voltou em 1928, e depois em 1929, quando permaneceu mais de 18 meses na região, efetuando pesquisas, sondagens e escavações. Chegaram até a perfurar vários poços com mais de 20 metros de profundidade, em busca de fragmentos do tal meteorito. Não encontraram nada. Verdadeiro mistério. Para Kulik, talvez o meteoro não houvesse se chocado com a Terra, mas explodido no ar acima da região sinistrada.
Em 1930, o matemático e meteorologista inglês Francis John Welsh Whipple (1876-1943), superintendente do Observatório de Kew, e o soviético Igor Stanislavovich Astapovich (1908-1976) concluíram independente e simultaneamente, que o objeto que caiu em Tunguska era provavelmente um cometa gasoso.
Na mesma época, um dos principais colaboradores de Kulik, o astrônomo e geólogo soviético Yevgeny Leonidovich Krinov (1906-1984) concluiu também que a bola de fogo de 1908 tinha sido um meteorito, como está publicado em "The Tungus Meteorite", 1949.
Não satisfeito com os resultados de suas pesquisas, Kulik voltou em 1938/1939 à região do impacto. Durante os dez anos seguintes, mais três expedições foram realizadas na área.
Kulik encontrou algumas “covas de poste”, turfeira que acreditou serem crateras, mas, depois de um laborioso trabalho de drenagem da turfeira, encontraram-se velhos troncos no fundo, excluindo a possibilidade de que se tratava de uma cratera meteórica.
Em 1938, Kulik conseguiu realizar um levantamento aerofotogramétrico da região, que revelou que o evento, além de provocar a destruição das árvores, apresentava-se como uma enorme estrutura em forma de borboleta.
Apesar da grande de devastação, nenhuma cratera foi descoberta. As conclusões dessas últimas expedições foram interrompidas pela Segunda Guerra Mundial, quando o mineralogista Kulik, ferido em combate, morreu num campo de prisioneiros, em 1942.
Após a interrupção causada pela Segunda Guerra Mundial, as expedições foram retomadas depois de 1958. Na década de 1960, expedições enviadas para a área encontraram esferas de vidro microscópicas em pérolas do solo. Análise química mostrou que as esferas continham um alto nível de níquel e irídio, que são encontrados em concentrações elevadas nos meteoritos, indicando que eles eram de origem extraterrestre.
Mais tarde, a Universidade de Tomsk, na Sibéria, associou-se ao Instituto Científico de Pesquisas em Biologia e Biofísica, que organizou, sob a direção de Gennady Plekhanov, duas expedições para pesquisar indícios de uma contaminação radioativa na região, em 1959 e 1960. No entanto, não encontraram níveis elevados de radiação, o que se poderia esperar se a detonação fosse de natureza nuclear.
Nos meios científicos, a explicação dominante é a de uma explosão atmosférica de um meteoróide entre 6 e 10 quilômetros acima da superfície da Terra. Meteoros estão constantemente penetrando na atmosfera da Terra, provenientes do espaço exterior, normalmente viajando a uma velocidade de mais de 10 quilômetros por segundo.
O calor gerado pelo atrito contra a atmosfera é imenso, quando a maioria dos meteoros queima-se completamente ou explode antes que eles possam alcançar o solo. A partir da segunda metade do século XX, acompanhamento de perto da atmosfera da Terra levou à descoberta de que meteoros que explodem na atmosfera ocorrem com bastante freqüência. Um meteoróide pedregoso de cerca de 10 metros de diâmetro pode produzir uma explosão de cerca de 20 quilotons, semelhante à bomba atômica Little Boy, lançada sobre Hiroshima; dados liberados pelo Programa de Apoio de Defesa da Força Aérea dos Estados Unidos têm demonstrado que essas explosões ocorrem a uma taxa superior a uma vez por ano.
Já as explosões da ordem de um megaton ou maiores, semelhantes ao evento de Tunguska, são eventos muito raros. O astrônomo e geólogo norte-americano Eugene Shoemaker (1928-1997) estimou que eventos análogos devessem ocorrer à proporção de um a cada 300 anos.
O curioso efeito da explosão de Tunguska sobre as árvores próximas ao epicentro tem sido observado também durante os testes nucleares realizados na atmosfera na década de 1950 e 1960, em virtude da onda de choque produzida por essas grandes explosões.
As árvores situadas diretamente embaixo da explosão se encontravam despojadas das folhas por uma onda de choque que se desloca verticalmente para baixo, enquanto árvores abatidas são aquelas situadas mais longe do epicentro, porque a onda de choque viaja mais horizontalmente, quando as alcançam.
Experiências soviéticas realizadas em meados dos anos 1960 com modelo de florestas e pequenas cargas explosivas produziram estruturas em forma de borboleta em uma contundentemente semelhança à encontrada na região do evento de Tunguska.
As experiências sugerem que o objeto deve ter se aproximado em um ângulo de aproximadamente 30 graus em relação à superfície terrestre e 115 graus ao norte, quando explodiu no ar.
Após as expedições efetuadas pela Academia de Ciências Soviética, em 1958, 1961 e 1962, a hipótese mais aceita passou a ser a do choque de um cometa. O astrofísico Vasiliy Grigorievich Fesenkov (1889-1972), membro da Comissão de Meteoros da Academia de Ciências da URSS, chegou mesmo a calcular que a possível velocidade do cometa na hora do impacto seria de 30 a 40 km por segundo.
A partir de 1963, o presidente da Academia de Ciências da URSS, o acadêmico Nikolai Vladimirovic Vasilyev (1930-2001), da Universidade de Tomska, Sibéria, coordenou cerca de 30 expedições científicas na região de Tunguska.
Somente depois de 1989 os cientistas estrangeiros foram oficialmente convidados a participar das expedições soviéticas.
Desde então as missões se multiplicaram com objetivo de encontrar uma explicação para o evento de Tunguska. O geólogo Roy A. Gallant foi o primeiro cientista americano a se associar a essas expedições que teriam mais tarde a colaboração de russos, alemães, japoneses, ingleses e italianos.
Nesse período, o engenheiro soviético Alexander Petrovitch Kazantsev (1906-2002), autor de inúmeros livros sobre xadrez e ficção científica, sugeriu que a explosão teria sido produzida pelo choque com a Terra de uma nave espacial marciana, movida por reatores nucleares. As determinações da radioatividade na região foram, entretanto, insuficientes para caracterizar tal ocorrência.
Segundo os estudos do astrônomo eslovaco Lubor Kresak (1927-1994), em 1978, a explosão de Tunguska deve ter sido provocada por um fragmento que se separou do núcleo do cometa periódico Encke. Com efeito, a análise da trajetória descrita pelo objeto que se chocou na Sibéria é quase idêntica aos elementos do cometa Encke.
Parece que a seis quilômetros de altitude do local do impacto ocorreu uma explosão muito luminosa que gerou uma onda de choque que devastou uma área de dois mil quilômetros quadrados, sem provocar nenhuma cratera, pois o objeto deve ter se desintegrado totalmente durante a explosão final.
Tudo indica que se tratava de um objeto muito frágil, que não ultrapassou em sua penetração na atmosfera uma altura superior a 6.000 metros.
Um exemplo semelhante ocorreu em dezembro de 1974, em Sumawa, Tchecoslováquia (hoje Eslováquia), quando uma bola de fogo foi registrada pelas câmaras todo-o-céu.
O corpo meteoróide desta bola de fogo devia ter cerca de 200 toneladas quando penetrou na atmosfera com uma velocidade de 25 km/s, tendo sido destruído completamente em 3 segundos.
As principais emissões luminosas ocorreram entre 73 e 61 km. Um único fragmento atingiu 55 km de altura.
Outro fenômeno análogo ao de Tunguska foi filmado pelos norte-americanos em outubro de 1969, em Ojarks. O corpo gerador de fogo de Ojarks devia possuir cerca de 35 toneladas. Quando atingiu 22 quilômetros de altura, desintegrou-se, provocando duas explosões, responsáveis por uma série de ondas de choque.
O corpo de Tunguska, segundo tudo indica, penetrou na atmosfera com uma velocidade de 31 km/s, chegando à altura de 6 quilômetros. Para atingir tal distância antes de se desintegrar, o objeto de Tunguska deve ter sido um rochedo bastante compacto, semelhante aos meteoritos condritos.
A sua desintegração, quando sua velocidade era de 12 a 14 km/s, provocou uma onda de calor capaz de queimar as vestimentas dos indivíduos situados a 60 km do local do impacto, como, aliás, foi relatado por testemunhas que viviam nas vizinhanças.
Para confirmar essa hipótese, encontrou-se uma enorme quantidade de pequenas esferas de metal e silício na região.
Tais conclusões sobre o objeto que se chocou com a alta atmosfera terrestre só foram possíveis graças aos estudos efetuados nas últimas três décadas com as redes de câmeras todo-o-céu, fotografando num campo de 180 graus, permitindo um registro contínuo dos bólidos que atingem o nosso envoltório gasoso.
Assim, foi possível estudar os objetos cujo diâmetro atinge dezenas de metros e cujo peso pode variar em centenas de toneladas. Entre esses se distinguem três diferentes tipos. Em primeiro lugar, os objetos compactos, rochosos, que podem ser associados aos meteoritos habituais. Depois os objetos mais frágeis, semelhantes aos meteoritos carbonatos. No terceiro grupo encontram-se duas espécies de materiais muito frágeis: um deles é uma forma primitiva de rocha carbonácea e a outra consiste em bolas de poeira. Não se registraram meteoritos metálicos que parecem representar 1% dos corpos encontrados no espaço. Tais estudos demonstraram que as maiores partes dessas rochas se pulverizam antes de atingir o solo.
As grandes ameaças continuam sendo realmente os fragmentos dos núcleos de cometas que se desintegraram, como o do Biela, no século XIX. Realmente, todos os cometas parecem perder 1% de sua massa, composta de gases e poeira, a cada passagem próxima ao Sol.
Por outro lado, a Terra anualmente cruza os seus fragmentos, de modo que um novo Tunguska pode ocorrer. Assim, mais uma vez fica confirmado que o aparecimento dos cometas não é indício de mau agouro. Na sua ausência, o perigo é muito maior; parodiando a célebre frase “cão que ladra não morde”, diríamos que “cometa que brilha não traz má sorte”.
Para a maioria dos cientistas, o caso estaria resolvido por aí. Mas ainda há quem pense de maneira menos ortodoxa.
A composição do corpo extraterrestre que atingiu a região de Tunguska, na Sibéria, há exatos cem anos continua ainda uma questão muito controvertida.
Em 1930, o astrônomo britânico F.J.W. Whipple sugeriu que o corpo de Tunguska fosse um pequeno cometa. Um cometa meteorito, sendo composto principalmente de gelo e poeira, poderia ter sido completamente vaporizado pelo impacto com a atmosfera da Terra, sem deixar traços visíveis.
A hipótese de cometa foi apoiada principalmente pela intensa luminosidade do céu noturno observada em toda a Europa durante várias noites após o impacto, aparentemente causada pela poeira, que tinha sido dispersa em toda a atmosfera superior.
Além disso, análises químicas da região têm mostrado grande presença de material cometário. Em 1978, astrônomo eslovaco Lubor Kresak sugeriu que Tunguska deveria ser um pedaço do cometa de curto período Encke, responsável pela chuva de meteoro Beta Taurídeos. Com efeito, o evento de Tunguska coincidiu com um pico desse enxame meteórico.
Atualmente, sabe-se que esses bólidos explodem regularmente a dezenas e centenas de quilômetros antes de se chocar com o solo. Desde o advento dos satélites militares, tais explosões têm sido observadas durante décadas.
Em 1983, o astrônomo Z. Sekanina (1936 - ) publicou um artigo criticando a hipótese cometária. Ele salientou que um organismo composto de material cometário, viajando através da atmosfera, ao longo dessa trajetória superficial, devia ter se desintegrado, enquanto o corpo de Tunguska aparentemente permaneceu intacto na atmosfera inferior.
Sekanina argumentou que as provas apontavam para um denso objeto rochoso, provavelmente de origem asteroidal. Essa hipótese foi ainda mais impulsionada, em 2001, quando P. Farinella, L. Foschini e outros divulgaram um estudo que sugeria que a órbita do objeto responsável pelo evento de Tunguska tinha origem no cinturão de asteróides. Com efeito, após obterem 886 órbitas, eles estimaram que a probabilidade de que o objeto Tunguska se deslocasse numa trajetória asteróidal é superior a uma cometária, 83% e 17%, respectivamente.
Os defensores da hipótese do cometa sugeriram que o objeto era um cometa extinto com um manto pedregoso que lhe permitiu penetrar a atmosfera. A principal dificuldade na hipótese asteróidal é de que um objeto pedregoso deve produzir uma grande cratera ao atingir o solo. No entanto, em Tunguska essa cratera não foi encontrada. Tem-se sugerido que a passagem do asteróide através da atmosfera causou uma elevação de pressões e temperaturas até um ponto em que o asteróide abruptamente se desintegrou numa enorme explosão.
A destruição teria de ser tão completa que não sobreviveriam restos de grande dimensão, e os materiais dispersos na atmosfera superior durante a explosão teriam causado a luminosidade noturna.
Modelos publicados em 1993 sugeriram que o meteoróide pedregoso teria cerca de 60 metros de diâmetro, com propriedades físicas entre um condrito comum e um condrito carbonato.
O astrônomo Christopher Chyba e outros têm proposto um processo em que um meteorito pedregoso poderia exibir um comportamento semelhante ao de Tunguska. O resultado não produz nenhuma cratera, pois os danos se distribuem ao longo de um raio bastante amplo, causando uma enorme explosão.
Seria o Lago Cheko a cratera do núcleo principal do meteoróide que explodiu em 1908?
Em 1960, estudando a região de Tunguska, dois cientistas russos, V.A. Koshelev e K.P. Florensky, anunciaram a descoberta de um pequeno depósito de água, o lago Cheko, situado cerca de 8 km a noroeste do provável centro do fenômeno. Na época, Koshelev sugeriu a possibilidade de que esse lago fosse uma cratera de impacto meteórico, talvez associada à queda de Tunguska.
No entanto, o geólogo e astrônomo soviético Kirill Pavlovich Florensky (1915-1982) recusou a idéia, pois acreditava, com base no estudo das camadas de sedimentos no fundo do lago, que a formação do lago fosse anterior ao evento Tunguska.
Recentemente, em junho de 2007, os pesquisadores italianos Luca Gasperini (1929-), Enrico Bonatti e Giuseppe Longo (1929- ), da Universidade de Bologna, após pesquisarem a forma do fundo do lago Cheko na região de Tunguska, chegaram à conclusão de que o seu perfil era muito diferente dos outros lagos siberianos, que apresentavam em geral um fundo chato.
A forma afunilada do lago Cheko é muito semelhante à estrutura dos lagos produzidos por crateras de impacto. Essa descoberta serviu de estímulo para que os pesquisadores italianos procurassem uma associação maior com o evento. Pesquisando em mapas geográficos da região anteriores a 1908, os pesquisadores localizaram um mapa militar da época czarista de 1883, onde não existia um registro do lago.
Pessoas nativas da região confirmaram que o lago teria sido formado depois da explosão de 1908. E pesquisas feitas pelas paleobotânicas italianas Carla Alberta Accorsi e Luíza Forlandes, da Universidade de Bologna, verificaram que os depósitos do lago não superavam um metro de espessura, característica compatível de uma formação mais recente.
Os pesquisadores italianos localizaram, após criteriosa análise dos perfis obtidos sobre todo lago, um ponto mais profundo no centro do lago provavelmente um objeto rochoso de cerca de um metro de diâmetro. Esses resultados foram reforçados pela descoberta de anomalias magnéticas observadas no mesmo ponto durante o levantamento com magnetômetro.
Os italianos pretendem voltar para perfurar o centro do lago com objetivo de atingir o objeto que poderia ser fragmento do meteorito de Tunguska, ainda em 2008. Será que esse mistério de 100 anos, será finalmente resolvido?
A compreensão científica do comportamento dos meteoritos na atmosfera da Terra era muito imprecisa nas primeiras décadas do século XX, em virtude da falta de conhecimento. Em conseqüência, muitas hipóteses relativas ao fenômeno Tunguska devem ser rejeitadas pela ciência moderna.
Buraco negro
Em 1973, os físicos Albert A. Jackson IV and Michael P. Ryan Jr., ambos da Universidade do Texas, propuseram que a bola de fogo de Tunguska foi causada por um microburaco negro que atravessou o globo terrestre. Para essa hipótese, não há nenhuma evidência de uma segunda explosão ocorrida quando o microburaco negro saiu da Terra. Essa hipótese não teve uma aceitação universal. Além disso, a posterior descoberta por Stephen Hawking de que buracos negros irradiam energia indica que um pequeno buraco negro teria evaporado antes que pudesse encontrar a Terra.
Antimatéria
Em 1965, Cowan, Atluri e Libby sugeriram que Tunguska foi causada pela aniquilação de um pedaço de antimatéria proveniente do espaço. No entanto, tal como acontece com as outras hipóteses descritas aqui, nenhum resíduo foi encontrado na área da explosão. Além disso, não há nenhuma evidência astronômica da existência de tais pedaços de antimatéria em nossa região do universo. Se tais objetos existissem, eles estariam constantemente produzindo raios gama, em virtude do aniquilamento no meio interestelar, mas os raios gama não têm sido detectados.
Eletromagnetismo
Algumas hipóteses associam Tunguska às tempestades magnéticas semelhantes às que ocorrem, após as explosões termonucleares, na estratosfera. Por exemplo, em 1984 V.K. Zhuravlev e A.N. Dmitriev propuseram um modelo heliofísico baseado em "plasmóides" ejetados pelo Sol. Valeriy Buerakov também desenvolveu um modelo independente de uma bola de fogo eletromagnética.
Explosão de uma nave alienígena
Amantes da ufologia há muito tempo sustentam que Tunguska é o resultado da explosão de uma nave alienígena enviada para "salvar a Terra de uma ameaça iminente". Esta hipótese provém de uma história de ficção científica escrita por Aleksander Kazantsev, engenheiro soviético, em 1946, na qual uma nave espacial é movida a energia nuclear. Essa história foi inspirada por Kazantsev pelo bombardeio de Hiroshima, em 1945. Muitos fatos do relato de Kazantsev foram posteriormente confundidos com as ocorrências reais em Tunguska.
A hipótese de óvni usando força nuclear adaptada para tevê foi tomada dos escritores Thomas Atkins e John Baxter, em seu livro "The Fire Came By" (1976). Em 1998, a série televisiva "The Secret KGB UFO Files", difundida pela TNT, refere-se a Tunguska como "o Roswell russo", informando que os destroços do óvni tinham sido recuperados.
Em 2004, um grupo de cientistas russos do Tunguska Space Phenomenon Public State Fund alegou que foram encontrados destroços de uma nave espacial alienígena no local. Os defensores da hipótese óvni nunca foram capazes de fornecer qualquer prova significativa para as suas reivindicações.
Note-se que a queda de Tunguska está perto do Cosmódromo de Baikonur e, por isso, tem sido repetidamente contaminada por resíduos espaciais russos, especialmente pelo fracasso do lançamento do quinto vôo de teste da nave Vostok, em 22 de dezembro de 1960. A carga útil caiu perto do local de impacto Tunguska, quando uma equipe de engenheiros foi enviada para recuperar a cápsula e os seus passageiros (dois cães que sobreviveram).
Torre de Wardenclyffe
Também foi sugerido que a explosão Tunguska foi o resultado de uma experiência de Nikola Tesla com sua Wardenclyffe Tower, quando Robert Peary realizou a segunda expedição ao Pólo Norte. Tesla tinha alegado que a torre poderia ser usada para transmitir energia eletromagnética a grandes distâncias, tendo alegado que enviou uma comunicação a Peary, aconselhando-o permanecer alerta para a ocorrência de fenômenos extraordinários como as auroras quando tivesse tentando ir ao Pólo Norte.
No entanto, o funcionamento da Torre de Tesla não era bem compreendido, e acredita-se que Tesla nunca tenha tentado usá-la com esse objetivo. Não se sabe se o mecanismo poderia produzir energia e transmiti-la longitudinalmente para produzir um evento semelhante ao de Tunguska, equivalente a uma explosão termonuclear; o núcleo atômico nem sequer tinha sido descoberto, o que só ocorreu na década seguinte. Se bem que, já, em 1891, com referência à estrutura do éter e ao electromagnetismo, Tesla afirmava que deveria existir “um mundo infinitesimal, análogo ao macrocosmo”.
Independentemente, se fosse possível que a instalação de Tesla produzisse tal efeito, o principal argumento de que Tesla não foi responsável pelo evento de Tunguska é o fato de que ele ocorreu por volta das 7h da manhã. Considerando os dados (se eles podem ser confiáveis), as experiências de Tesla foram realizadas na noite de 30 de junho. Ela ocorreu cerca de 6 horas antes do evento de Tunguska, ou seja, a uma hora da manhã do dia 30 de junho, tempo local em Nova York.
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é astrônomo, autor de mais de 85 livros, dentre eles "Nas fronteiras da Intolerância: Einstein, Hitler, a Bomba e o FBI".